Mostra em São Paulo celebra centenário do fotógrafo Hans Gunter Flieg


Exposição em cartaz no Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo, apresenta 180 imagens produzidas pelo fotógrafo alemão Hans Gunter Flieg, considerado um poeta do aço e do concreto por ter documentado o desenvolvimento industrial e urbanístico do Brasil. A mostra, que celebra este ano o centenário do fotógrafo, fica em cartaz até o dia 28 de janeiro de 2024 e tem curadoria de Sergio Burgi, coordenador de fotografia do IMS.

Hans Gunter Flieg
Equipamentos e Instalações Elétricas Industriais Brown Boveri, Osasco - SP, 1961
Gelatina e prata. Foto: Instituto Moreira Salles

Hans Gunter Flieg Equipamentos e Instalações Elétricas Industriais Brown Boveri, Osasco – SP, 1961 Gelatina e prata. Foto: Instituto Moreira Salles – Instituto Moreira Salles

As imagens produzidas por Flieg apresentam a verticalização e a industrialização do país, especialmente da cidade de São Paulo, a partir da década de 1940. Flieg registrou instalações industriais, máquinas, edifícios e objetos, tensionando a fronteira entre a fotografia documental e o refinamento formal que tem a intenção de transformar a imagem em abstração.

Nascido em 1923 na Alemanha, em uma família judia de classe média, o fotógrafo migrou para o Brasil em 1939, fugindo da perseguição nazista. No Brasil, ele montou um estúdio fotográfico e passou também a prestar serviços para diversas empresas. Sua atuação passa pelas áreas da indústria, publicidade e arquitetura.

“O olhar que nos oferece Flieg sobre uma sociedade industrial que se quis e se fez moderna na São Paulo do pós-guerra, sem romper, entretanto, com os mecanismos de reificação, alienação e poder de seu tempo, nos leva a refletir agora, décadas depois, sobre uma sociedade pós-industrial igualmente imersa em profundas e radicais transformações e contradições, onde mais uma vez tudo que é sólido desmancha no ar”, disse o curador, em nota.

Hans Gunter Flieg
Fábrica da Duchen - Peixe, projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, primeiro prêmio na categoria de construção industrial na I Bienal Internacional de arte São Paulo, Guarulhos - SP, c. 1954
Gelatina e prata. Foto: Instituto

Hans Gunter Flieg Fábrica da Duchen – Peixe, projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, primeiro prêmio na categoria de construção industrial na I Bienal Internacional de arte São Paulo, Guarulhos – SP, c. 1954 Gelatina e prata. Foto: Instituto – Instituto Moreira Salles

Núcleos

A exposição foi dividida em três núcleos. No primeiro deles, são apresentadas imagens de arquitetura industrial, com registro de obras como a construção do ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, em 1955, e a das usinas hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira.

Já o segundo núcleo, apresenta imagens feitas no interior de fábricas, focando no maquinário e destacando suas linhas e formas. O último espaço apresenta fotos tiradas para os mercados publicitário e artístico, que ilustravam catálogos e anúncios de jornais. Essas imagens mostram um grande contraste de luz e sombra.

Hans Gunter Flieg
Jogo de ferramentas Heinz, São Paulo, c. 1965
Fotografia impressa em pigmento mineral sobre papel de algodão a partir de arquivo digital. Foto: Instituto Moreira Salles

Hans Gunter Flieg Jogo de ferramentas Heinz, São Paulo, c. 1965 Fotografia impressa em pigmento mineral sobre papel de algodão a partir de arquivo digital. Foto: Instituto Moreira Salles – Instituto Moreira Salles

A mostra Flieg: Tudo que é Sólido no Instituto Moreira Sales, na Av. Paulista, tem entrada gratuita e pode ser visitada de terça a domingo e nos feriados (exceto segunda) das 10h às 20h. Última horário de entrada é 30 minutos antes do encerramento. Mais informações podem ser obtidas no site 



EBC

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